Poema Berço e túmulo

Trago-te flores no meu canto amigo
– Pobre grinalda com prazer tecida –
E – todo amores – deposito um beijo
Na fronte pura em que desponta a vida.

É cedo ainda! – quando moça fores
E percorreres deste livro os cantos,
Talvez que eu durma solitário e mudo
– Lírio pendido a que ninguém deu prantos! –

Então, meu anjo, compassiva e meiga
Depõe-me um goivo sobre a cruz singela,
E nesse ramo que o sepulcro implora
Paga-me as rosas desta infância bela!

Casimiro de Abreu

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