Aproxima-se mais um Réveillon, e isso faz com que a minha memória acenda a lembrança de uma outra festa de Ano Novo, exatamente aquela em que estivemos juntos, em que trocamos beijos calorosos exatamente à meia-noite, quando repetimos juras e juras, muitas juras lindas de amor…
Passaram os dias e as semanas. Se já não estamos juntos, é porque é óbvio que houve problemas entre nós… Mas é mais evidente, ainda, que não podemos jogar fora toda a beleza e todo o amor que reinaram durante aquele Réveillon!
Meu querido, aquele amor era maior do que tudo e, talvez, não tenhamos sido sábios o suficiente para percebê-lo e preservá-lo com o cuidado que as coisas raras exigem, com o cuidado necessário a quem deseja tocar – e sentir – a leveza e os sons dos puros cristais…
O tempo que estamos separados ensinou-me algumas coisas: ensinou-me a suportar a dor. Ensinou-me a engolir o orgulho. Ensinou-me a ser mais sábia e perceber que, às vezes, precisamos de recuar um pouco. Ensinou-me a ceder uma parte para ter o todo, e o todo és tu: tu e a tua capacidade de amar.
O que eu quero dizer, meu amor, é que eu estou disposta a ceder nalguns detalhes de comportamento para que tudo volte a ser tão lindo quanto era antes. Só te faço esta proposta porque sei que és capaz de percebê-la, pois não teríamos ficado tanto tempo juntos se eu não tivesse percebido em ti essa nobreza de consentir e ceder também. Após este afastamento, que me permitiu pensar com mais frieza, posso dizer-te que estou disposta a recomeçar contigo.
Com a alma lavada, pura e sem rancor, apesar de tudo o que me fizeste! Sem a intenção de te cobrar nada, mas apenas com o desejo de que também voltes tão puro e sem reservas quanto eu estou agora, acho que podemos pensar num reinicio, recordando sempre e com muito carinho aquele Réveillon maravilhoso que passamos juntos! Telefona-me ou escreve-me, pois acho extremamente importante não perdermos tanto e tão belo amor.