O amigo e o silêncio

Dentre todas as relações, não há nenhuma maior do que a amizade. A amizade ultrapassa fronteiras, não cai nas armadilhas do ciúme, excede todos os limites da paciência e da condescendência.

Ser amigo é compreender, é admitir falhas. É saber compor o objetivo com o subjetivo. Ser amigo é saber ouvir o silêncio, o hiato na conversa. Ser amigo é saber respeitar o espaço entre um gole e um pensamento mais profundo. ou, entre um gole mais profundo e um lampejo luminoso do cérebro do outro.

Ser amigo é respeitar espaços. É observar sem cobrar. É ter consciência de que todos somos humanos e estamos sujeitos às falhas, aos vícios e, por incrível que possa parecer, até mesmo às virtudes.

Ser amigo é se permitir a estupidez e admitir a eventual estupidez alheia. Ser amigo é ser condescendente com o erro, mas nunca admitir a eventual injustiça cometida pelo outro, pois o verdadeiro amigo é vigilante, quase um “anjo-da-guarda” moral.

Ser amigo é saber respeitar o tempo alheio. É não invadir. É não perguntar, a todo momento, o que o outro está pensando. Nada melhor do que o silêncio cúmplice. Nada melhor do que a paz ou a turbulência de pensamentos se, ao teu lado, bem pertinho, tu tiveres um ombro amigo a quem recorrer.

O maior sinal de intimidade é a não obrigação de se manifestar verbalmente. É a tranquilidade de saber poder-se manter calado, até que um evento frívolo, como a queda de uma folha de uma árvore qualquer suscite um comentário.

Ser amigo é manter-se sereno quando o outro enfrenta a tempestade. É oferecer o para-raios, tendo a certeza de que a recíproca sempre lhe será verdadeira.

Ser amigo é ter a confiança infinita, é ter a absoluta certeza de que nada jamais faltará nem para um e nem para o outro, pelo menos até que os braços de um dos dois ainda se movam.

Ser amigo é ter o sentido da entrega. E é por isso que eu quero que tu guardes esta imagem de mim, pois é esta que eu tenho de ti. Conta comigo, sempre. A vida seria mais difícil sem um(a) amigo(a) igual a ti.

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