O pedaço de bolo

Meu irmão e eu chegávamos sempre em casa com muita fome, ao regressar da escola.

Um dia, como eu pedisse de comer, minha mãe pôs-nos diante de meio bolo, na mesa da cozinha.

Colocando uma faca ao lado do bolo, disse:
– Um de vocês vai cortar o bolo, mas o outro vai poder escolher, em primeiro lugar, o seu pedaço.

Meu irmão, querendo fazer-se de esperto, deitou logo mão da faca
e ia, evidentemente, cortar o bolo em dois pedaços desiguais.

Mas, de repente, parou. Olhando primeiramente para nossa mãe e, depois, para mim, cortou o bolo exatamente no meio.

E esperou que eu me servisse. Qualquer pedaço que eu escolhesse
daria no mesmo: nenhum de nós sairia prejudicado.

E comemos, alegremente, as porções idênticas.

Desde então, fosse o que fosse que houvesse a repartir
– pão com manteiga, doces, pastéis, bolos ou balas
– tudo era sempre dividido em partes iguais.

Isso nos ensinou um respeito, que nunca conheceu arrefecimento, para com os direitos daqueles com quem tínhamos que compartilhar alguma coisa.

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