Naquele Instante

Ferido e caído, sem forças pra levantar. apenas tentando continuar. sem o menor resíduo de resistência. sem a menor possibilidade de suportar sobre si mais um grama. desfalecido, entregue ao momento desencadeador do concreto e do abstrato. entre o sólido e o abrir as asas para o desconhecido. entre o inspirar e o não liberar a expiração. entre o continuar e a terminação. completamente entregue ao minúsculo instante da extração do que se tritura para liberar o sumo. entre a filtração do insubstancial e a substância. no momento último do fim e o iniciar da devolução. no escapar do ajuntamento de uma fenda. bem aí, logo aí, a vida desvia o olhar e alheia-se à cruciação.
Então, o que pode nos aliviar?
Alguém responde: a esperança de que Ele nos volte Sua face e mais uma vez diga: “num ímpeto de ira, por um momento eu escondi de você o meu rosto. agora, com amor eterno, volto a me compadecer de você” (Is 54:8).

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