O rouxinol e os sapos

Uma colônia de sapos vivia no fundo de um poço, do qual nenhum de seus membros jamais conseguira sair. Eles levavam uma vida monótona, coaxando, comendo pequenos insetos que lá caiam, dormindo e se reproduzindo.

Um dia, um rouxinol que sobrevoava a região avistou lá do alto o poço dos sapos e, atraído pela curiosidade, resolveu descer até lá. Ao avistarem aquela estranha criatura que pairava sobre suas cabeças, os sapos entraram em pânico e se esconderam em meio ao lodo.

O rouxinol, apesar de também estar surpreso, mostrou-se mais amistoso, afinal, devido à grande profundidade do poço, compreendeu que os pobres sapos jamais poderiam ter experimentado algum contato com o mundo exterior.

Assim, passou a contar-lhes as maravilhas existentes fora
daquele poço escuro e sujo.

As palavras do rouxinol provocavam as mais diversas reações nos confusos sapos. Alguns mostravam-se interessados e emergiam da lama para ouvi-lo melhor. Outros afundavam-se ainda mais no lodo para nada ouvirem.

Após algum tempo, a colônia estava completamente dividida em vários grupos. Havia aqueles que acreditavam no que o pássaro lhes dizia e sonhavam em um dia ver todas aquelas maravilhas.

Havia também os que gostariam de acreditar nas palavras do rouxinol, mas achavam tudo aquilo impossível. Por fim, e em maior número, havia aqueles que não apenas duvidavam das histórias do intruso, como também as achavam perigosas demais para a estabilidade da colônia.

Este último grupo, então, descontente com a má influência do rouxinol, decidiu silenciá-lo. Em uma rápida ação, capturaram e mataram o pobre pássaro, em meio a protestos e aplausos.

Em pouco tempo a colônia dos sapos voltou ao que era antes, ou seja, o mesmo lugar monótono de sempre, mas seus habitantes jamais foram os mesmos depois da visita daquele ser tão diferente
e enigmático.

Comentários