Cadê você?

Cadê você, homem, o que foi feito de ti?
Era meu amigo, leal companheiro e confidente
Com quem eu conversava de forma transparente
Sem reservas e tão cheia de confiança…

Cadê você, homem, o que foi feito de ti?
Você que me fez de novo ser criança
Levando-me de volta à longínqua infância
Suscitando o extravasar do meu “porão”…

Cadê você, homem, o que foi feito de ti?
Que soube sondar como ninguém meu coração
Que ocupou espaços vazios e me fez plena
Que me refletiu e fez a vida valer a pena…

Cadê você, homem, o que foi feito de ti?
Que era todo o meu entusiasmo e inspiração
Que fez nascer rascunhos em verso e prosa
Que soube despertar a mulher amorosa…

Cadê você, homem, o que foi feito de ti?
Que sempre, sempre se importou comigo
Que nunca me negou o ombro amigo
Na hora dos meus impasses, dúvidas, aflição…

Cadê você, homem,o que foi feito de ti?
A quem, do Sousa, eu enviava um hino
E na troca, da Amália, eu recebia um fado
Em doces permutas, tão do nosso agrado…

Cadê você, homem, o que foi feito de ti?
De cuja amizade eu tanto me orgulhava
Pelo seu modo de ser que eu tanto adorava
E como joia rara, no peito eu te guardava…

Cadê você, homem, o que foi feito de ti?
Que silenciou de repente qual se tivesse morrido
Ou será que fui eu que morri (em ti)
sem ter percebido
Procurando-te em vão,
entre lágrimas e gemidos…

Mas, homem, noto agora que já estou meio morta
Apesar do derradeiro rascunho,
você já não me importa
Porque na verdade, você nunca existiu
Foi tudo engodo, miragem, alucinação
Porque amigos verdadeiros não nos deixam na mão
E mesmo que tenham que ir embora
Pelos ditames do destino e pelo apelo da hora,
Avisam-nos da partida,
deixando uma doce saudação…

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