O menino e a árvore

E todos os dias, o Menino vinha e juntava suas folhas. E com elas fazia coroas de rei. E com a Árvore, brincava de rei da floresta. Subia em seu grosso tronco, balançava-se em seus galhos! Comia seus frutos. E quando ficava cansado, o Menino repousava à sua sombra fresquinha.

O Menino amava a Árvore profundamente. E a Árvore era feliz! Mas o tempo passou e o Menino cresceu! Um dia, o Menino veio e a Árvore disse: “Menino, venha subir no meu tronco, balançar-se nos meus galhos, repousar à minha sombra e ser feliz!”

“Estou grande demais para brincar”, o Menino respondeu. “Quero comprar muitas coisas. Você tem algum dinheiro que possa me oferecer?” “Sinto muito”, disse a Árvore, “eu não tenho dinheiro. Mas leve os frutos, Menino. Vá vendê-los na cidade, então terá o dinheiro e você será feliz!”

E assim o Menino subiu pelo tronco, colheu os frutos e levou-os embora. E a Árvore ficou feliz! Mas o Menino sumiu por muito tempo… E a Árvore ficou tristonha outra vez. Um dia, o Menino veio e a Árvore estremeceu tamanha a sua alegria, e disse: “Venha, Menino, venha subir no meu
tronco, balançar-se nos meus galhos e ser feliz”.

“Estou muito ocupado pra subir em Árvores”, disse o menino. “Eu quero uma esposa, eu quero ter filhos, pra isso é preciso que eu tenha uma casa. Você tem uma casa pra me oferecer?” “Eu não tenho casa”, a Árvore disse. “Mas corte meus galhos, faça a sua casa e seja feliz.”

O Menino depressa cortou os galhos da Árvore e levou-os embora pra fazer uma casa. E a Árvore ficou feliz! O Menino ficou longe por um longo, longo tempo, e no dia que voltou, a Árvore ficou alegre, de uma alegria tamanha que mal podia falar. “Venha, venha, meu Menino”, sussurrou, “Venha brincar!”

“Estou velho para brincar”, disse o Menino, “e estou também muito triste.” “Eu quero um barco ligeiro que me leve pra bem longe. Você tem algum barquinho que possa me oferecer?” “Corte meu tronco e faça seu barco”, a Árvore disse. “Viaje pra longe e seja feliz!” O Menino cortou o tronco, fez um barco e viajou.

E a Árvore ficou feliz, mas não muito! Muito tempo depois, o Menino voltou. “Desculpe, Menino”, a Árvore disse, “não tenho mais nada pra te oferecer. Os frutos já se foram.” “Meus dentes são fracos demais pra frutos”, falou o Menino. “Já se foram os galhos para você balançar”, a Árvore disse.

“Já não tenho idade pra me balançar”, falou o menino. “Não tenho mais tronco pra você subir”, a Árvore disse. “Estou muito cansado e já não sei subir”, falou o Menino. “Eu bem que gostaria de ter qualquer coisa pra lhe oferecer”, suspirou a Árvore. “Mas nada me resta e eu sou apenas um toco sem graça. Desculpe…”

Já não quero muita coisa”, disse o Menino, “só um lugar sossegado onde possa me sentar, pois estou muito cansado.” “Pois bem”, respondeu a Árvore, enchendo-se de alegria.” “Eu sou apenas um toco, mas um toco é muito útil pra sentar e descansar.” “Venha, Menino, depressa, sente-se em mim e descanse.”

Foi o que o Menino fez. E a Árvore ficou feliz!

A amizade é um sentimento que se leva para sempre…

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